As vendas do varejo brasileiro recuaram 4% em março de 2025, na comparação com o mesmo mês do ano anterior, já descontada a inflação. Os dados são do Índice Cielo do Varejo Ampliado (ICVA) e representam o quarto mês consecutivo de queda no setor.
Entre os principais motivos para esse desempenho, destacam-se fatores sazonais como a mudança no calendário da Páscoa e o Carnaval em março – diferentemente de 2024, quando a data caiu em fevereiro. Esses eventos afetaram especialmente o segmento alimentício e a movimentação do comércio físico.
O setor mais afetado foi o de Bens Não Duráveis, com queda de 5,2%. Dentro dele, o Varejo Alimentício Especializado (como chocolaterias e bombonieres) puxou o resultado para baixo, principalmente pela ausência das vendas de Páscoa no mês de março.
Este macrossetor teve retração de 3,1%, com destaque negativo para o segmento de Óticas e Joalherias.
Já no setor de serviços, os estabelecimentos de Estética e Cabeleireiros lideraram as perdas.
Sudeste: +1,6%
Nordeste: +1,1%
Sul: +0,7%
Centro-Oeste: -0,4%
Norte: -0,9%
Resultados Nominais (sem desconto da inflação)
Sudeste: +8,3%
Sul: +7,9%
Nordeste: +7,1%
Centro-Oeste: +6,9%
Norte: +6,1%
Apesar da queda geral no varejo, o comércio eletrônico teve alta de 3,5%, mostrando maior resiliência. Já as vendas presenciais cresceram 2,1% em termos nominais.
Segundo o IPCA e o IPCA-15 ponderados pelo ICVA, a inflação acumulada do varejo ampliado nos últimos 12 meses ficou em 6,6%. O índice segue acima da meta e representa um desafio para o consumo das famílias.
A tensão comercial entre Estados Unidos e China voltou a crescer em abril, após o presidente norte-americano Donald Trump anunciar um novo pacote de tarifas, elevando em até 50% os impostos sobre produtos chineses. A medida gerou retaliações por parte da China e provocou reações nos mercados globais – incluindo uma alta no dólar, que chegou a R$ 5,91 no Brasil, e queda nas bolsas de valores ao redor do mundo.
Inflação via câmbio: com o dólar mais alto, produtos importados se tornam mais caros, o que pressiona a inflação e diminui o poder de compra do consumidor brasileiro.
Oportunidades nas exportações: por outro lado, o Brasil pode se beneficiar de “efeitos colaterais positivos”, já que produtos brasileiros podem substituir itens chineses ou norte-americanos em mercados estratégicos. Setores como agronegócio, vestuário e têxteis podem ser favorecidos, dependendo do rumo das negociações.
Apesar disso, o clima de incerteza global exige cautela. Um conflito prolongado pode afetar o comércio internacional, encarecer insumos e comprometer investimentos – o que teria reflexos negativos sobre o crescimento da economia brasileira, especialmente no segundo semestre de 2025.
Mesmo diante de um cenário de retração no início do ano, há sinais positivos no horizonte:
O investimento recorde do Mercado Livre no Brasil (R$ 34 bilhões) para 2025 mostra confiança no potencial do varejo, especialmente no digital.
A possível reacomodação do dólar – mesmo diante das tensões da guerra comercial – pode beneficiar o consumo interno e reduzir pressões inflacionárias nos próximos meses.
Segundo analistas, a expectativa é que o segundo trimestre traga maior equilíbrio, especialmente com a Páscoa sendo comemorada em abril, e a manutenção do ritmo de crescimento no e-commerce.
O mês de março fechou com queda real nas vendas, influenciado por questões sazonais e macroeconômicas. Porém, a resiliência do e-commerce, a manutenção das vendas nominais em alta, e novos investimentos no setor são sinais de que o varejo ainda tem espaço para recuperação em 2025.
Acompanhe nossos próximos relatórios para ficar por dentro dos movimentos do varejo no Brasil e no Rio Grande do Sul.
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